Cafés fake enganam o consumidor que procura por preços baixos | Finance Journal

Com a alta do preço do café, muitas pessoas buscam alternativas mais baratas. Mas é preciso ter cuidado! Preços muito abaixo do padrão de mercado podem indicar qualidade inferior e até mesmo fraudes.
Contrariando a regulamentação vigente, alguns produtos que tentam se passar por café contêm alegações e ingredientes irregulares.
Encontramos à venda versões que podem enganar o consumidor, como as bebidas sabor café ou até feitas com outros grãos, como cevada e milho.
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De acordo com a legislação, a designação "café" só pode ser usada para produtos compostos exclusivamente por grãos de café. Ou seja, é proibido chamar de café algo feito a partir de açaí, cevada ou outras plantas.
As marcas Superbom e Kodilar parecem ignorar essa regra ao comercializar grãos de cevada torrados e moídos em embalagens semelhantes às de café, ilustradas com uma xícara da bebida, um líquido preto visualmente igual a um café.
A Superbom também vende uma versão 100% milho — e zero café. Como se não bastasse, em seu site oficial o fabricante anuncia outro produto feito com cevada como "café de cevada", acompanhado de uma série de alegações fantasiosas: "rico em fibras", "ajuda na digestão e na redução de colesterol", "antioxidante", "ajuda na formação dos ossos e na liberação de energia dos músculos".
Bebida sabor café ou café pirata?
Outro produto que virou assunto nos últimos dias foi o da marca Oficial do Brasil, que traz na embalagem a denominação de venda: "pó para preparo de bebida à base de café" — uma classificação que sequer está regulamentada. Ao avaliar a lista de ingredientes, vemos que o pó é composto por café e polpa de café torrado e moído, e aqui surge outro problema: o ingrediente "polpa de café" não é aprovado, sendo as suas especificações desconhecidas.
Em contato com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), esclareci que a polpa de café é um um resíduo do processo de fabricação. Como característica inerente desse processo, a polpa acaba misturada à casca do fruto. A casca, porém, é considerada uma impureza, assim como paus e outros detritos do cafeeiro, que não devem ultrapassar 1% da composição do pó de café de verdade. Como esse ingrediente não é regulamentado, não sabemos a quantidade de impurezas que ele contém.
Infelizmente não estamos falando de um caso isolado. Há, ainda, o produto Melissa. Esse, além de ter um nome similar à conhecida marca de cafés, copia descaradamente a arte da sua embalagem.
A situação é agravada pelo destaque da palavra "tradicional" no rótulo, induzindo o consumidor a pensar que trata-se daquele café familiar. No entanto, o produto é uma imitação que mistura café com polpa e aromatizante sintético, sob a estranha denominação (também não regulamentada) "pó para preparo de bebida sabor café tradicional".
Ao contrário de outros produtos que são versões mais baratas dos originais — como os compostos lácteos, que não são leites, ou os óleos compostos, que misturam azeite com óleos e não são tecnicamente azeites —, os chamados "cafés fake" não pertencem a uma categoria regulamentada. Por isso, geram desconfiança e potenciais prejuízos ao consumidor.
Quando encontrar um café muito barato, desconfie e redobre a atenção ao rótulo. Esses produtos podem não ser exatamente um café, ou conter ingredientes inferiores na formulação. Chamar milho e cevada de café é tão absurdo quanto chamar vidro de diamante.
Fonte: UOL
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