Funcionária é demitida pelo WhatsApp dias antes de começar no novo trabalho e história viraliza; especialista comenta | Finance Journal

Funcionária é demitida pelo WhatsApp dias antes de começar no novo trabalho e história viraliza; especialista comenta | Finance Journal

Uma funcionária ficou chocada ao saber que estava sendo demitida poucos dias antes de começar no novo emprego. A dispensa repentina viralizou nas redes sociais após o especialista em carreiras britânico Ben Askins compartilhar um vídeo sobre o caso no último sábado (8/2). A publicação já soma mais de 475 mil visualizações e foi repercutida até em veículos como o Daily Mail.

No vídeo, Askins relata as circunstâncias da situação enquanto compartilha prints das mensagens no WhatsApp entre a funcionária, identificada apenas como Kirsty, e o empregador. A primeira imagem mostra que o chefe perguntou se Kirsty teria cinco minutos para conversar. Em resposta, a funcionária respondeu: "Estou prestes a entrar no carro, então, não muito, está tudo bem?".

Em seguida, ela foi pega de surpresa com a informação de que seria dispensada. "Tomamos a difícil decisão de retirar a oferta de emprego. Lamento por isso e, obviamente, desejo a você nada além de boa sorte para encontrar uma nova posição em outro lugar', escreveu o empregador, que não teve o nome divulgado.

Chocada com a situação, Kirsty relatou que já havia deixado seu emprego anterior para aceitar a proposta de trabalho. "Espera, o quê? Eu já deixei meu último emprego e está tudo certo para começar na semana que vem? O contrato está assinado? O que aconteceu?", declarou.

Para justificar a decisão, o empregador informou que optou por outro candidato para o cargo. Além disso, ele disse que pagaria o período de experiência dela como forma de amenizar possíveis dificuldades.

"O candidato que queríamos originalmente para o cargo voltou à cena. Compreendo que isso lhe cause algumas dificuldades, é claro que pagaremos seu aviso de uma semana conforme seu período de experiência."

A funcionária, que se mostrou incrédula, rebateu: "Eu realmente não consigo acreditar nisso, isso é tão pouco profissional."

O empregador ainda discordou da falta de profissionalismo e alegou: "Tínhamos dois candidatos para o trabalho e, infelizmente, você ficou em segundo lugar.

Diante do caso, o especialista em carreiras concordou com a funcionária e destacou a falta de profissionalismo da empresa. "Quero dizer, legalmente eles têm que pagar isso, então não é um grande gesto dessa pessoa em particular", disse.

Ele ainda criticou e afirmou que a atitude do empregador "não era aceitável". "Ela está reclamando que você ofereceu o emprego a ela. Ela deixou o emprego atual, assinou o contrato, está pronta para entrar, e agora você está rescindindo a oferta", frisou.

Como forma de melhorar a situação, Kirsty resolveu pedir uma referência ao empregador para explicar o caso em futuras entrevistas de emprego. No entanto, ele se negou a fornecer o documento e disse: "Então, como ainda não vimos você trabalhar, não podemos lhe escrever uma referência, mas, como eu disse, desejo a você nada além do melhor".

A funcionária encerrou o diálogo de forma curta e direta: "Obrigada por nada". Alguns dias depois, o empregador voltou a mandar mensagens e pediu que ela retirasse a avaliação feita sobre o processo seletivo no Glassdoor -- site e aplicativo de emprego que reúne vagas, informações e avaliações de empresas. Na plataforma, os usuários podem compartilhar suas experiências profissionais de forma anônima.

"Olá, percebi que você escreveu um artigo no Glassdoor dizendo que nosso processo de recrutamento não era profissional. Não acho que esse seja um feedback justo. Você poderia retirá-lo?", escreveu o empregador.

O caso gerou revolta entre os internautas, que se solidarizaram com a demissão da funcionária. "Parece um processo por quebra de contrato. Qualquer advogado trabalhista que se preze receberá um ano de salário dela", disse uma pessoa.

Outros usuários ainda compartilharam experiências profissionais tão chocantes quanto a de Kirsty. "Experiência semelhante, exceto que eles rescindiram minha oferta de emprego porque pedi uma cópia do meu contrato antes de começar", escreveu um deles.

Um empregador pode retirar a oferta de emprego após o funcionário assinar o contrato?
Segundo a advogada Camila Fortes, que coordena o Núcleo Trabalhista no escritório Ruy Andrade Advocacia, o caso da funcionária pode ser avaliado por meio do entendimento acerca da perda de uma chance. O conceito jurídico se aplica quando uma pessoa é impedida de obter um benefício ou evitar um prejuízo. Nesse caso, por exemplo, há uma expectativa legítima ou oportunidade frustrada, considerando que a candidata passou pelo processo seletivo e assinou o contrato para assumir o cargo na empresa.

"A partir do momento em que há a assinatura do contrato, nasce ali uma promessa real e concreta de que a pessoa será contratada. Por isso, o empregador tem obrigações a cumprir desde essa fase de possível contratação, que é agir de boa fé e fazer propostas que realmente vão se concretizar", explica.

Com origem francesa na década de 1960, a teoria da perda de uma chance pode ser aplicada em diversas situações. Fortes aponta que a empresa pode sofrer consequências jurídicas, como o pagamento de indenização ao funcionário. Contudo, ela diz que é preciso comprovar que o dano seja real e haja uma relação de causa e efeito entre a conduta e o dano sofrido.

"Aquele que causa um dano fica obrigado a reparar por conta da sua conduta abusiva. No caso aqui, especificamente, é perder essa oportunidade de ter uma vantagem. Ou seja, o resultado legítimo ali, esperado. Ele acaba sendo impedido por essa conduta do empregador", acrescenta.

A especialista reforça que o funcionário deve buscar ajuda profissional e reunir provas do dano causado pela empresa. "A primeira recomendação é buscar um profissional capacitado. Em segundo lugar, é guardar todas as provas que se tem do processo seletivo, das tratativas de contratação, daquelas promessas que foram feitas. E, principalmente, do momento em que há uma confirmação de contratação", pontua.

Ainda de acordo com ela, o empregador precisa fornecer todas as informações do processo seletivo de forma clara e objetiva. Não há proibições legais quanto ao uso de aplicativos de mensagens para comunicação, a exemplo do WhatsApp, mas a empresa deve se atentar à maneira como aborda os candidatos e possíveis contratados.

Fonte: RevistaPeng

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