O que os microplásticos podem causar no cérebro? Veja alguns efeitos | Finance Journal

Cerca de 0,5% dos nossos cérebros já podem ser compostos hoje por microplástico, apontou um estudo publicado no periódico Nature Medicine no dia 3 de fevereiro.
Os resultados das 91 amostras de cérebros retiradas em autópsias realizadas no primeiro semestre de 2024 impressionaram: elas continham, em média, dez a 20 vezes mais plástico que outros órgãos.
"É muito alarmante. Há muito mais plástico nos nossos cérebros do que eu jamais imaginei", disse um dos autores do estudo, Matthew Campen, toxicologista e professor de ciências farmacêuticas da Universidade de Ciências da Saúde do Novo México (EUA), ao jornal britânico The Guardian.
"As concentrações que observamos no tecido cerebral de indivíduos normais, que tinham uma idade média de cerca de 45 ou 50 anos, foram de 4.800 microgramas [de plástico] por grama, ou 0,5% em peso. Comparado às amostras de cérebro de autópsias de 2016, isso é cerca de 50% maior. Isso significaria que nossos cérebros hoje são 99,5% cérebro e o restante é plástico", comentou ainda o professor à CNN americana.
Efeitos do plástico no cérebro
Um estudo realizado pela Universidade Duke, também nos EUA, e publicado pela revista Science em 2023 apontou uma relação entre a exposição do cérebro a nanoplásticos de poliestireno aniônicos (encontrados em embalagens como copos, talheres descartáveis e sacolas) e o desenvolvimento da doença de Parkinson.
A erosão desse tipo de lixo em ambiente marinho e exposto aos raios ultravioletas liberaria partículas que podem não só entrar na corrente sanguínea humana como romper a barreira hematoencefálica em mamíferos, efetivamente invadindo o cérebro.
A pesquisa da Universidade do Novo México aponta que a relação também pode existir para outros tipos de doenças neurodegenerativas, como demência frontotemporal e a doença de Alzheimer, já que existiria uma tendência de aumento de casos destes distúrbios nos últimos anos, o que poderia estar relacionado a uma maior exposição dos humanos a esse tipo de poluente.
No entanto, o próprio artigo reconhece que é preciso ampliar as pesquisas com mais amostras, refinando técnicas. Por exemplo, não está claro pela pesquisa se o maior número de diagnósticos de demência, Parkinson e Alzheimer poderiam ser resultado também de melhora nas ferramentas de detecção destas doenças —e não exclusivamente um reflexo do maior contato do corpo com plásticos.
Como plástico chega ao cérebro?
"Os plásticos adoram gorduras, ou lipídios, então uma teoria é que eles estariam se infiltrando com as gorduras que comemos, que são então entregues aos órgãos que realmente gostam de lipídios —o cérebro está no topo dessa lista", teorizou Campen à CNN.
Os cientistas acreditam que o cérebro está absorvendo as estruturas nanométricas muito pequenas, como 100 a 200 nanômetros de comprimento, enquanto algumas das partículas maiores, que são de um micrômetro a cinco micrômetros, vão para o fígado e rins.
Como o cérebro recebe justamente as menores partículas do plástico, é possível ainda que este contato aconteça aspirando a poluição no ar ou ingerindo através da água ou de alimentos.
É muito difícil, em 2025, viver uma vida sem plástico, e a ciência ainda está evoluindo para determinar exatamente quais são os perigos que este tipo de material oferece à saúde humana e quais tipos de contato precisam ser minimizados.
Fonte: Viva Bem
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