Tesouro Direto: investidores buscam prefixados antes da mudança na Selic

Com a expectativa de um novo ciclo de cortes na taxa Selic, o Tesouro Direto Prefixado com vencimento em 2028 tem ganhado destaque entre os investidores.
Na última segunda-feira (7), os juros desse título caíram para 13,95%, rompendo pela segunda vez o patamar de 14%. Apesar da leve alta no dia seguinte, o movimento indica uma clara mudança de comportamento no mercado.
A corrida por taxas prefixadas
Na terça-feira (8), a taxa do Tesouro Prefixado 2028 voltou a subir levemente, encerrando o dia a 14,14%, de acordo com o site do Tesouro Direto. Mesmo com essa oscilação, a tendência recente tem sido de queda nas taxas — reflexo da maior demanda por esses papéis de curto e médio prazo.
Esse movimento ganhou força desde o anúncio das chamadas “tarifas de reciprocidade” pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana anterior. As medidas geraram incertezas globais, acirrando a volatilidade dos mercados e reacendendo os temores de uma recessão. Diante disso, investidores passaram a precificar um possível corte nas taxas de juros norte-americanas como forma de estimular a economia, o que impactou diretamente o comportamento dos juros no Brasil.
Como funciona a precificação dos títulos
Nos investimentos em renda fixa, especialmente no Tesouro Direto, há uma relação inversa entre o preço unitário do título (PU) e sua taxa de retorno. Quando há maior procura por um papel, seu preço sobe e a taxa oferecida ao novo investidor diminui. Isso acontece porque o rendimento prefixado é fixado no momento da compra. Assim, quem paga mais caro hoje por um título que rende a mesma quantia no vencimento acaba tendo um retorno proporcionalmente menor.
Por isso, a redução nas taxas observadas indica aumento da demanda, com investidores tentando antecipar o início do ciclo de cortes na Selic, previsto para acontecer entre o final de 2025 e o início de 2026.
A atratividade da LTN 2028
Melhor relação risco-retorno
Especialistas apontam que o Tesouro Prefixado 2028 — também conhecido como LTN 2028 — oferece atualmente a melhor relação risco-retorno. Por ter um vencimento intermediário, o título não sofre tanto com possíveis altas de juros no curto prazo nem incorpora tantos riscos fiscais quanto os títulos de prazos mais longos. Isso faz com que ele seja visto como um papel “estrategicamente posicionado”.
A estratégia dos investidores é travar agora uma taxa de retorno elevada, apostando que a Selic entrará em trajetória de queda nos próximos trimestres. Se isso acontecer, o valor de mercado do título pode se valorizar, garantindo ganhos ainda maiores para quem quiser vendê-lo antes do vencimento.
Longos prazos ainda mostram resistência
Movimentação mais tímida nos vencimentos mais distantes
Apesar da intensa procura pelos títulos prefixados de curto e médio prazo, os papéis com vencimentos mais longos não vêm apresentando quedas tão expressivas nas taxas. Entre quarta-feira (2) e segunda-feira (7), o Tesouro Prefixado 2032 teve queda de 14,77% para 14,58%, enquanto o título com juros semestrais e vencimento em 2035 passou de 14,87% para 14,79%.
A leitura do mercado é de que, quanto mais longo o prazo do título, maior o risco embutido — especialmente o risco fiscal, que ainda gera incertezas sobre a capacidade do governo em cumprir com o teto de gastos e manter as contas públicas sob controle.
IPCA+ também registra quedas nas taxas reais
Queda nas taxas reais evidencia movimento mais amplo
O movimento observado nos prefixados também se reflete nos títulos atrelados à inflação, os chamados Tesouro IPCA+. Os títulos com vencimento em 2029, por exemplo, passaram a pagar IPCA + 7,67%, uma queda de 0,19 ponto percentual desde a última quarta-feira.
Já os títulos com vencimentos mais longos, como o IPCA+ 2040 e o IPCA+ 2050, registraram quedas menores, de 0,12 e 0,04 ponto, respectivamente. A rentabilidade real ficou em IPCA + 7,28% e IPCA + 7,13%.
Esses dados indicam que o movimento de reprecificação não se limita aos prefixados, mas também atinge os papéis indexados à inflação, sobretudo nos prazos mais curtos.
Tabela atualizada: títulos mais buscados no Tesouro Direto
imagem de fundo desfocada onde aparecem gráficos, calculadora e dinheiro. Imagem de primeiro plano é a logo do Tesouro Direto

Fonte: Seu Crédito Digital
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