Novo valor da aposentadoria: governo projeta aumento com reajuste real acima da inflação e mudança no cálculo do INSS para 2026 | Finance Journal

Governo apresenta projeção do salário mínimo para 2026 com aumento real e impacto direto nas aposentadorias, pensões e teto do INSS, enquanto o novo Orçamento prevê expansão das despesas primárias e ajustes nas contribuições.
O Governo Federal enviou ao Congresso Nacional o projeto de Orçamento de 2026 com previsão de salário mínimo a R$ 1.631, valor que representa alta de 7,44% sobre os atuais R$ 1.518 e garante ganho real acima da inflação.
A mudança atinge diretamente aposentadorias, pensões e benefícios assistenciais pagos pelo INSS, além de projetar um novo teto previdenciário em torno de R$ 8.537,55, ainda sujeito à confirmação quando saírem os índices oficiais de inflação.
Reajuste real e impacto no piso previdenciário
Pelo projeto orçamentário, o salário mínimo passará de R$ 1.518 para R$ 1.631, um aumento de R$ 113.
Em termos percentuais, trata-se de um reajuste de 7,44%, que combina a reposição integral da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) com um ganho real limitado a 2,5 pontos percentuais acima da alta de preços.
A equipe econômica usa, desde 2023, uma política de valorização que soma a variação do INPC em 12 meses até novembro ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes, com teto de 2,5% para esse ganho real.
Para 2026, as projeções indicam inflação próxima de 4,78% e, pela regra, o reajuste do mínimo é fechado em 7,44%, já dentro desse limite.
Na prática, isso significa que todas as aposentadorias e pensões do INSS que hoje estão no piso sobem automaticamente para R$ 1.631, porque o valor mínimo pago pela Previdência é, por lei, igual ao salário mínimo nacional.
O mesmo acontece com o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS), voltado a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, que também acompanha o piso.
Regras para benefícios acima do salário mínimo
Enquanto quem recebe o piso terá aumento de 7,44%, aposentadorias e pensões acima de um salário mínimo seguem outra lógica.
Para esses benefícios, a regra continua baseada apenas na variação do INPC, sem ganho real adicional.
Pelas projeções ligadas ao Orçamento, o índice estimado de reajuste para essa faixa é de 4,66% em 2026.
Com esse percentual, o teto previdenciário deve subir dos atuais R$ 8.157,41 para cerca de R$ 8.537,55 no início de 2026.
O número exato ainda depende da inflação oficial acumulada até novembro, divulgada pelo IBGE, mas a projeção consta de estudos usados como base pelo governo e por especialistas em Previdência.
Assim, aposentados que recebem um salário mínimo passam a ter um acréscimo de R$ 113 por mês, enquanto quem está no teto teria aumento próximo de R$ 380 na renda mensal, caso o percentual de 4,66% seja confirmado.
Os mesmos índices valem para pensionistas, benefícios por incapacidade e demais benefícios previdenciários calculados com base no teto.
Outro ponto importante é o impacto sobre a contribuição previdenciária de quem ainda está na ativa.
As alíquotas de desconto para trabalhadores com carteira assinada permanecem progressivas, mas a faixa inicial de contribuição sobe junto com o salário mínimo, e o valor máximo para cálculo também é ajustado pelo novo teto.
Dessa forma, tanto o piso quanto o limite superior das contribuições devem ser recalibrados a partir de janeiro de 2026, quando o reajuste passa a valer.
Efeitos fiscais e projeções para o Orçamento de 2026
O governo calcula que cada real acrescido ao salário mínimo aumenta em cerca de R$ 400 milhões as despesas obrigatórias da União, principalmente com Previdência, abono salarial, seguro-desemprego e BPC.
Considerando o salto de R$ 113 previsto para 2026, a estimativa é de impacto superior a R$ 44 bilhões nas despesas obrigatórias, parte disso concentrada nos gastos previdenciários.
No caso específico do INSS, projeções divulgadas por órgãos técnicos indicam incremento adicional superior a R$ 100 bilhões na folha de benefícios, valor parcialmente compensado por aumento de arrecadação com contribuições sobre salários maiores.
Mesmo assim, a Previdência continua sendo o principal item de despesa primária do Orçamento Federal, à frente de áreas como saúde e educação.
O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2026 prevê Orçamento total acima de R$ 6,5 trilhões, somando todas as despesas, inclusive a rolagem da dívida pública.
Dentro desse montante, as despesas primárias somam aproximadamente R$ 3,2 trilhões, com aumento em torno de R$ 168 bilhões em relação ao ano anterior, autorizando crescimento real de cerca de 2,5%.
Ao mesmo tempo, o governo projeta resultado primário positivo de R$ 34,3 bilhões, equivalente a cerca de 0,25% do PIB, em linha com o novo arcabouço fiscal.
Esse objetivo depende de elevação de receitas e controle de gastos, em um cenário em que boa parte do aumento de despesa vem justamente de rubricas obrigatórias como aposentadorias e pensões.
Quem sente mais o impacto no INSS
A elevação do salário mínimo repercute em toda a economia, mas atinge de forma mais direta os segurados que recebem o piso previdenciário.
Estimativas de mercado apontam que cerca de 70% dos benefícios do INSS são pagos exatamente em um salário mínimo, o que corresponde a algo próximo de 28 milhões de pessoas entre aposentados, pensionistas e beneficiários do BPC.
Para esse grupo, o reajuste de 7,44% é integral.
Além dos segurados, trabalhadores formais que ganham o mínimo, empregados domésticos, microempreendedores individuais (MEI) e contribuintes facultativos que recolhem sobre o piso também passam a ter contribuição mensal maior a partir da vigência do novo valor.
A contrapartida é a possibilidade de benefícios futuros calculados sobre uma base mais alta, respeitados os critérios de tempo de contribuição e demais exigências da legislação previdenciária.
Enquanto isso, quem recebe benefícios acima de um salário mínimo verá um reajuste menor, de 4,66%, alinhado apenas à inflação medida pelo INPC.
Essa diferença de índices mantém a política de valorização concentrada no piso, ao mesmo tempo em que busca controlar o crescimento das despesas com benefícios mais elevados e preservar o espaço fiscal para outras áreas do orçamento público.
Você já calculou quanto a nova regra pode alterar, na prática, o valor que entra todo mês na sua aposentadoria ou no seu benefício do INSS?
Fonte: CPG
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